Não sou de deixar minha opinião de cara no início de uma resenha, prefiro falar sobre a obra e em seguida comentar sobre o que achei durante a leitura. Mas com esse livro eu não poderia fazer isso, eu não consigo fazer isso. Céu sem estrelas é um livro necessário, cru, que nos mostra personagens reais, com dores e duvidas reais e é impossível você não se ver no decorrer das páginas, impossível nunca ter sentido, mesmo que em um mísero momento, o que Cecília passou em algum momento da história. E é aqui que começamos essa resenha.

Cecília recebe o pior presente de aniversário que poderia ganhar, a demissão de seu primeiro emprego. Apesar do mesmo ser temporário e a chance de se manter nele era praticamente mínima, a garota nutria esperança de que algum milagre ocorresse e ela mantivesse seu posto, afinal era uma funcionária. Mas isso não acaba ocorrendo, e não querendo destruir os planos de sua melhor amiga Iasmin, acaba ocultando de todos o fato de que tinha sido demitida e são com seus amigos para comemorar seu aniversário, apesar de não ser muito fã de comemorar tal data. Ela acaba por ir na vibe de sua amiga, nada melhor que beber para esquecer mas ao final da noite as duas garotas não conseguem ir sozinhas para casa e são ajudadas por Bernardo, irmão mais velho de Iasmin. Todos acabam na casa dos irmãos e ele cuida das duas até que elas adormecem.

Apesar da noite de diversão, Cecília se sente descartável, como se em algum momento todo mundo fosse cansar dela e a abandonar, já que ela nunca conheceu seu pai, seu relacionamento com a mãe vai de mal a pior, principalmente após a descoberta que seu marido a traia, e sua relação com o mesmo também não era tão boa. E em momentos como esse, sua mãe acabava por manda-la passar um tempo na casa de sua vó, já que considera que assim os problemas irão ser resolvidos. Só que, durante uma grande discussão das suas a mãe acaba por expulsa-la de casa, e, diferente de todas as vezes em que ela foi para casa da vó, dessa vez ela sente que não é lá que deve ir e pede ajuda a amiga Iasmin, que sem pensar duas vezes fala com seus pais e decidem convidar Cecília para morar com eles.

Além de todos esses problemas, ela ainda precisa lidar com a baixa autoestima, causada principalmente pelo peso. Com isso, ela tende a ficar sempre isolada, preferindo a companhia de séries e livros, as únicas que estão sempre com ela são suas duas melhores amigas desde a época da escola, Iasmin e Rachel, e apesar de confiar nas duas acaba por guardar muito do que sente para si, com medo de ser julgada por isso. Outra paixão que tem é a de desenhar, e é essa paixão que a faz escolher cursar Desenho Industrial na UFF (Universidade Federal Fluminense) e logo no primeiro período ela precisa lidar com todos esses acontecimentos.

Bernardo é o irmão mais velho de Iasmin e como Cecília também faz faculdade na UFF, só que diferente dela ele faz Engenharia e já não é mais calouro. Apesar de sua família ter uma boa condição ele prefere batalhar e conquistar suas coisas sem depender de seus pais. Só que apesar disso, o relacionamento de seus pais está cada vez pior e cada vez mais ele se sente mal por ter que, após todos estarem em seus quartos, escutar discussões cada vez mais calorosas vinda deles. Com isso, ele não quer se envolver com ninguém, a não ser seja para valer, onde ele se entregue profundamente para a pessoa. E, após o incidente no aniversário de Cecília, ele começa a observar e começar a vê-la com outros olhos, não apenas como a melhor amiga de sua irmã, mas uma pessoa que o interessa, e o fato de estarem morando no mesmo teto piora as coisas, ou melhora. E logo eles vão descobrindo coisas em comum, como o amor pelos livros e dali nasci uma amizade que rapidamente vai se transformando em algo mais e é impossível resistir ao que está acontecendo ali.

Com medo de que descubram, eles acabam por manter o que está rolando entres eles em segredo, compartilhando momentos sempre que possível e disfarçando quando estão na presença de Iasmin, principalmente. Porém, perguntas começam a rondar a cabeça dos dois, os questionamentos ganham força e um acontecimento muda tudo. A paz que sentia ao lado de Bernardo vai embora e a vida de Cecília começa a ganhar contrastes cada vez mais tristes, ela começa a desanimar das coisas que mais gostava de fazer, começa a duvidar de si mesmo e de seus planos e sonhos. Bernardo percebe tudo que ocorreu e, apesar de tentar dar o espaço que ela precisa vai fazer de tudo para conseguir conquista-la novamente e sem medo nenhum de expor o amor deles para todos.

Como disse no início da resenha, eu amei demais esse livro e é extremamente necessário. Porém preciso dizer que ele conta com cenas de ansiedade e automutilação então caso possa dar gatilho eu recomendo que passe o livro, apesar da autora tratar os assuntos da melhor forma possível. É um livro que você se vê durante as páginas, em diversos momentos me peguei pensando que já tinha passado por diversas daquelas situações, com falas bem parecidas até. Esse livro me deu um ânimo que eu estava precisando nessa quarentena. São personagens extremamente fortes, reais e que você se apaixona por eles logo de início e experimenta todas as sensações possíveis durante a leitura. A narrativa é muito boa, os capítulos são intercalados entre a Cecília e o Bernardo, contém personagens secundários interessantíssimos que adoraria ler mais sobre eles, além de ser uma história que acontece por ai. Existem muitas Cecílias e Iasmins por ai, muitas pessoas com seus medos e anseios. E esse livro nos presenteia com muitos aprendizados. Não tenho muito o que falar a não ser agradecer imensamente ao Vinícius por me indicar esse livro e pela Iris por ter escrito. É um livro que nutrirei um carinho muito forte e que estará aqui para todas as vezes que em algum momento eu me sentir sozinha, irei olhar para ele e perceber que não é assim.

 Vocês já leram esse livro? Se sim, o que acharam                                                                             Sei que dei uma leve sumida mas já estou de volta com vários conteúdos para vocês.           Beijinhos e até a próxima      

Thayná

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